Lamentavelmente alguns órgãos de televisão, no afã de apresentarem suas
atrações muitas vezes de gostos duvidosos, mas que lhes rendem grande
faturamento com o patrocínio, truncam notícias importantes, como a posse do
novo presidente do Supremo Tribunal Federal, mas, mesmo assim, quem assistiu
partes dos discursos, pode reparar a expressão de desconforto da presidente
Dilma Rousseff, que parecia dizer “me tirem daqui”.
O momento, apesar de solene, reverenciava o implacável “carrasco” dos
réus pertencentes ao Partido Trabalhista, envolvidos no esquema do mensalão.
Durante as exaltações aos feitos de Barbosa, por diversos colegas, era
impossível que Dilma não se lembrasse de seus ex-colaboradores, como por
exemplo, José Dirceu e seus asseclas.
A fala de Barbosa dizendo que “a justiça não dá tratamento igual a todos
que a procuram” foi o ápice do desconforto, já que o PT defende veementemente
os seus membros condenados, dizendo que foram “julgados politicamente”, apesar
de terem roubado milhões, enquanto chefes de famílias estão jogados à própria
sorte no regime carcerário, julgado medieval pelo ministro da Justiça, por
terem furtado um quilo que batata.
Na manhã desta sexta-feira (23), o jornalista Ricardo Eugênio Boechat,
em seu programa matinal transmitido pela Band News, enfatizou que apesar do
marco de Joaquim Barbosa ter se tornado o primeiro presidente negro do Supremo,
há que se exaltar os valores familiares que levaram o “Dito”, como é chamado
pela sua mãe Benedita, que, aliás, ofuscou muita gente com a sua presença na
solenidade, já que ele e seus irmãos não se deixaram levar pelas dificuldades e
mantiveram-se firme, sob os olhares da lavadeira de roupa que hoje se orgulha
de todos os filhos.
O desconforto notado por todos não se deve apenas a presidenta, mas, a
todos aqueles que tripudiam sobre os menos abastados.
Boechat frisou em seus comentários que o Brasil sinaliza firmemente da
existência do preconceito e as estatísticas estão presentes na baixa renda, nas
favelas, na população carcerária, nas universidades, enfim, em muitos
seguimentos da sociedade onde o negro não tem alcance.
Enquanto
por aqui muitos torcem o nariz, a imprensa internacional destacou o feito de
Barbosa. O jornal argentino “La Nación”
ressalta a “incrível história de superação”. E destaca: “Sua história de
superação pessoal e de seu protagonismo no chamado ‘julgamento do século’ o
transformou nos últimos meses em um tipo de ídolo justiceiro da sociedade
(...). A cerimônia de sua ascensão à presidência do Supremo Tribunal Federal
foi seguida com lágrimas por muitos no país, onde 51% da população é de cor
negra”, diz o texto da reportagem, citando ainda o currículo de Joaquim
Barbosa, que fala espanhol, inglês, francês e alemão, fez doutorado na
Sorbonne, em Paris, lecionou nas universidades de Columbia e da Califórnia, e
hoje, apesar dos problemas no quadril e nas costas, ainda toca piano e violino
em seu tempo livre.
O matutino “El País” diz que a posse do relator do mensalão, reafirma o
mérito do ministro, enquanto o americano “The Washington Post”, lembra que em
um país da dimensão do Brasil, formado com a maioria da população africana,
Joaquim Barbosa é o único a servir o Supremo Tribunal Federal.
O Blog é de opinião de que nada adiantam os discursos que pregam a
igualdade social entre as etnias, se os responsáveis por oferecer esta
oportunidade e lançam projetos que sevem apenas para segregar, ao invés de
elevar.
Obrigado Joaquim Barbosa por fazer que pelo menos durante algum tempo,
eles nos olhem com mais respeito. Façamos a nossa parte, independente de credo
e raça, mostrando os nossos valores intrínsecos.
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