Contam os livros, que no dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, penalizada com o sofrimento dos negros escravos, tomou às mãos sua caneta com ponta de ouro (já havia ostentação naquela época) e assinou a Lei Áurea, libertando-os para sempre. Realmente, passados exatos 123 anos, muita coisa mudou. Hoje, os subjugados não são apenas os negros. Somaram-se a eles, brancos, cafuzos, mamelucos e caboclos, que vivem abaixo da linha da miséria. Os implacáveis capatazes e senhores feudais foram substituídos por ministros, senadores, deputados, vereadores, governadores e prefeitos que diariamente açoitam a população cometendo desmandos com o dinheiro público. As mulheres não teem o ventre livre, porque o sucateamento dos hospitais e das maternidades, muitas vezes não permite que seus filhos nasçam. A ginga da capoeira, nascida nas senzalas, que amenizavam o sofrimento dos escravizados, deu lugar a grandes eventos gratuitos realizados em praça pública para distrair a população, que enquanto ri e dança, esquece da fome. Como muita gente ainda acredita que manga com leite faz mal, como inventaram os fazendeiros naquela época, devem acreditar também que a escravidão acabou apesar das evidências. Esta é a Estória do Brasil. José Carlos Pereira de Carvalho – Rio de Janeiro.
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